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Atuação de Selma Arruda é destaque em reportagem sobre juízes "marcados para morrer"

 | Midia News
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A juíza da Vara de Combate ao Crime Organizado de Cuiabá, Selma Rosane dos Santos Arruda, foi personagem de uma reportagem especial do programa “Câmera Record”, entitulada "Sem medo dos poderosos". O programa foi transmitido em todo o país às 22h45 da quinta-feira (02). A investigação acompanhou magistrados de seis estados do país por seis meses, registrando o dia a dia deles e as precauções que tomam em suas atividades públicas. Em Mato Grosso, Selma Arruda assume a responsabilidade de ter prendido dezenas de membros da facção criminosa Comando Vermelho de Mato Grosso (CVMT) e decretado prisões preventivas de figurões suspeitos de envolvimento com o crime organizado, como João Emanuel Moreira Lima, José Geraldo Riva e Silval da Cunha Barbosa. Escoltada por seguranças a todo instante, a juíza vive armada e fechada em uma vida totalmente adaptada à realidade de um país violento e altamente corrupto.

“Eles são vigiados de perto 24 horas por dia, no trabalho e na própria casa, por homens armados de pistola e fuzil. Estão sob constante ameaça de atentados e emboscadas, sem direito de viver em família como gostariam. São juízes sentenciados de morte pelo crime organizado”, narrou o apresentador do programa, Marcos Hummel .

Além da magistrada mato-grossense, foram apresentados os casos dos colegas Yedda Christina Assunção, juíza da Vara Criminal de São João do Meriti, na Baixada Fluminense (RJ); Alexandre Abrahão, presidente do Terceiro Tribunal do Júri da capital carioca (responsável pela prisão de Fernandinho Beira Mar e Elias Maluco); Carlos Eduardo Lemos, juiz do Espírito Santo; Heliomar Rios, que atua no Piauí e o conhecido Odilon de Oliveira, juiz que condenou 100 narcotraficantes e que causou prejuízo de R$ 2 bilhões ao crime organizado. 

Antes de apresentar o caso da juíza mato-grossense, a reportagem da Record destacou a falta de equipamentos detectores de metais nas entradas dos Fóruns nacionais. É o caso do Fórum da capital de Mato Grosso. Nenhum procedimento de segurança assegura quem entra e sai na sala de audiências da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, onde atua Selma Arruda. Ao contrário do Fórum de São Paulo, em Cuiabá, nenhuma revista é feita e a entrada é totalmente liberada. Na capital paulista, por outro lado, 30 armas brancas (como facas e socos ingleses) são apreendidas todos os dias, sendo incinerados em seguida.

Marcada para Morrer: 
 
Penúltimo caso a ser apresentado no especial, o caso de Selma Rosane Arruda recebeu destaque e precedeu apenas ao de Odilon de Oliveira, historicamente conhecido como o juiz mais ameaçado do Brasil.

Com boa dose de espetacularização, a reportagem da Record introduz Selma como uma “mulher vaidosa e uma juíza marcada para morrer”. A matéria foi entitulada “sem medo dos poderosos”. Narra o especial que há 01 ano e meio a magistrada recebe proteção da Policia Civil de Mato Grosso. “A minha equipe, eu tive sorte, pois são todos ótimos”, declarou Selma.

Adiante, a juíza ironiza a impossibilidade de viver seguindo todas as regras impostas pela segurança. “Se a gente for levar à risca questões de segurança, não vai a lugar nenhum”, afirmou.

Não nega que as ações penais que julga são históricas. “É uma situação emblemática, vai deixar cicatriz eterna na história de Mato Grosso”, diz se referindo às ações da Sodoma e às que envolvem o ex-deputado José Geraldo Riva e o ex-vereador João Emanuel Moreira Lima.

“Selma virou celebridade no Estado e todos os dias nas ruas e nas redes sociais recebe cumprimentos por ter tido coragem de enfrentar políticos poderosos”, destacou a TV Record. Momento seguinte, a juíza refletiu. “A gente tem que crescer mais, e todas as instituições crescerem, para não termos mais que cumprimentar um político simplesmente porque ele não rouba”, queixou-se, “isso é um absurdo”.

Rapidamente, a reportagem rememorou o histórico profissional da juíza, destacando que “ameaças não são novidade na vida dela”. Antes de assumir a Sétima Vara Criminal, em Cuiabá, passou por diversas Varas Criminais pelo interior de Mato Grosso, com destaque para a cidade de Cáceres, na fronteira com a Bolívia (240 km de Cuiabá).

Na beira do Rio Paraguai, em uma cidade de 90 mil habitantes e altíssimos índices de criminalidade, Selma enfrentou traficantes perigosos e passou por momentos difíceis. “Noite em claro sentada na cama com arma no colo, filhos à volta, e não vou dizer que senti medo porque não tem como”, declarou.

À família, resta entender e apoiar seu trabalho. Em depoimento à reportagem, o Policial Rodoviário Federal aposentado Norberto Arruda, com quem Selma é casada há 31 anos, lamenta ter que voltar a andar armado, diz que não é algo que gostaria, “andei por 32 anos armado”.

Mostrando um pouco do dia a dia da magistrada, a reportagem mostra imagens de Selma logo pela manhã em uma visita a um salão de beleza de Cuiabá. Escoltada por três seguranças, nunca abandona o celular e mantém olhos atentos a eventuais ataques.

Lamentando já ter sido desrespeitada por ser mulher, a juíza Selma Rosane Arruda encerra sua participação com discurso de igualdade entre os sexos. “A caneta não é pesada, para a gente tomar uma decisão não importa se é homem ou mulher”.

Olhar Jurídico:

O questionamento sobre a segurança de Selma Rosane Arruda já fora feito em outras ocasiões por Olhar Jurídico. Em entrevista exclusiva veiculada na virada de 2015 para 2016, a magistrada negou temer represálias. “Eu não temo. Não temo nenhum tipo de represália. Até porque, o que se fizer contra um magistrado, vai estar se fazendo contra toda a magistratura. Como lhe disse, se amanhã eu tiver que sair por algum motivo, seja por aposentaria ou por algum outro motivo desses que você tocou, certamente virá outro tão ou mais rigoroso do que eu. Portanto, não vejo risco”. 


Em maio de 2016, Olhar Jurídico também problematizou a questão com a então Corregedora do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), desembargadora Maria Erotides Kneip Baranjak. Ela também teme a insegurança na justiça local. "TJMT está entre os que mais exigem segurança para juízes”, declarou. Destacou na época que o TJMT havia promovido “treinamento para magistrados que estão sob ameaça, que envolve direção defensiva, direção evasiva, tiro, etc. Fizemos esse treinamento em um Núcleo do Exército Brasileiro, em Brasília. Mas, o que acontece é que, infelizmente, quando um juiz precisa contrariar interesses de organizações criminosas ou mesmo políticos, ele fica realmente sob ameaça. Temos no Estado casos graves de juízes que precisam inclusive de escolta policial. Temos casos na capital e na fronteira”, destacou.



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