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Meio Ambiente

Incêndios que destruíram 117 mil hectares do Pantanal começaram em 5 fazendas de MT, diz ICV

O município com maior área afetada por incêndios foi Poconé. Com 3.126 km², esse município sozinho respondeu por 18% de toda a área impactada diretamente pelo fogo até agosto desse ano no estado.

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Divulgação / Reprodução

Um estudo do Instituto Centro de Vida (ICV) mostra que os incêndios que destruíram 117 mil hectares no Pantanal de Mato Grosso começaram em cinco fazendas localizadas em Poconé, a 104 km de Cuiabá. O estado abriga parte do Pantanal, que registra recorde histórico de queimadas neste ano.

As queimadas nos últimos três meses resultaram em animais mortos e feridos. Voluntários estão no Pantanal e trabalham no resgate dos bichos.

A fumaça dessas queimadas também está se deslocando para os países vizinhos e se espalha para o Sul do Brasil. Parte de Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai já são cobertos pela nuvem cinza.

Segundo o ICV, as consequências dos incêndios são enormes. Vão desde os impactos para a biodiversidade e equilíbrio ambiental até prejuízos econômicos, como o comprometimento do potencial turístico tão importante para a região.

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (22), em discurso na Assembleia das Nações Unidas (ONU), que o Brasil é "vítima" de uma campanha "brutal" de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal.

Um dos maiores impactos ocorre na saúde da população local com o aumento da frequência de doenças respiratórias, em meio ao auge da pandemia do Covid-19 na região.

O governo estadual antecipou o início do período proibitivo de queimadas para 1º dia de julho (15 dias antes da moratória do fogo imposta pelo governo federal) e estabeleceu sua duração até 30 de setembro.

O levantamento traz uma caracterização dos incêndios ocorridos em Mato Grosso em 2020 por bioma, categorias fundiárias e principais municípios afetados, e a identificação do tamanho da área incendiada no estado com base nos dados disponibilizados pela plataforma Global Fire Emissions Database, da NASA.

Para o Pantanal, bioma proporcionalmente mais atingido pelo fogo esse ano, o ICV analisou o local de origem e a área afetada pelos maiores incêndios ocorridos no período proibitivo.

Do início do ano até 17 de agosto, Mato Grosso teve 1,7 milhão de hectares de incêndios, uma área cinco vezes maior que a da cidade de Cuiabá, capital do estado. Cerca de 37% dessas ocorrências se concentraram no bioma Amazônia, seguidas do Pantanal, onde houve mais de 560 mil hectares queimados (32% do total).

As áreas com incêndio no Cerrado representaram 31% do total. Ainda que em termos absolutos não haja grandes diferenças entre os biomas, se considerarmos a proporção entre a área atingida por incêndios e o tamanho do bioma, o Pantanal foi o que mais sofreu pela ação do fogo.

As chamas já consumiram 9% de toda a área do bioma no estado. A quase totalidade da área impactada pelo fogo no Pantanal (95%) incidiu sobre áreas que haviam sido mapeadas pelo Inpe como vegetação nativa até julho de 2019.

Essa área é 9 vezes maior que todo o desmatamento ocorrido no bioma nos últimos dois anos, segundo dados do Inpe. No bioma Cerrado essa proporção dos incêndios em áreas de vegetação nativa foi de 67% e, na Amazônia, 47%.

Locais

A incidência de incêndios em imóveis rurais inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR) foi responsável por metade dos incêndios mapeados (874 mil hectares), seguido pelas áreas não cadastradas (367 mil hectares).

As Terras Indígenas (TIs) tiveram 307 mil hectares atingidos pelo fogo. As TIs com as maiores áreas afetadas por incêndios foram a Pareci e a Parabubure, ambas no bioma Cerrado. Nas TIs Perigara e Tadarimana os incêndios consumiram mais da metade de seus territórios.

As Unidades de Conservação (UCs), por sua vez, registraram 6% do total das áreas queimadas no estado, que somam quase 97 mil hectares, e os projetos de assentamentos os 5% restantes (91 mil hectares).

Municípios

O município com maior área afetada por incêndios foi Poconé. Com 3.126 km², esse município sozinho respondeu por 18% de toda a área impactada diretamente pelo fogo até agosto desse ano no estado.

Poconé é seguido de outros dois municípios do Pantanal: Barão de Melgaço e Cáceres. Juntos, eles registram 31% da área consumida pelo fogo no estado no período analisado.

Origem do fogo

Ao longo dos quase 50 dias de período proibitivo, cerca de metade do período total, o Pantanal registrou 480 mil hectares de áreas atingidas por incêndios.

A partir da metodologia implementada, que combina os dados dos focos de calor e a interpretação de sequência de imagens de satélite, identificamos que apenas nove pontos iniciais de incêndio foram responsáveis afetar cerca de 324 mil hectares, ou 67,5% da área total atingida por incêndios no bioma nesse período.

O início desses focos concentrou-se num período de 25 dias, com o primeiro iniciando no dia 11 de julho e o último no dia 04 de agosto. Essas nove frentes de incêndio corresponderam a 68% de todos os focos de calor detectados pelo INPE no período proibitivo no Pantanal mato-grossense.

Em 17 de agosto, sete dessas nove maiores áreas de incêndios estavam ainda ativas. Desses nove pontos de origem dos incêndios, sete foram no município de Poconé e dois em Barão de Melgaço.

Quatro desses incêndios partiram e consumiram boa parte do Pantanal, entre a rodovia Transpantaneira (MT-060) e o rio Paraguai (divisa com Cáceres).

Dois pontos tiveram origem e queimaram áreas nas proximidades da Transpantaneira. E os demais foram originados na região de Porto Cercado em Poconé, e nas proximidades do distrito de São Pedro de Joselândia e da Terra Indígena Perigara, em Barão de Melgaço.

Em relação as categorias fundiárias, cinco desses pontos estão localizados em imóveis já inscritos no CAR, sendo a origem do fogo que queimou aproximadamente 117 mil hectares no bioma.

Outros três pontos de incêndio iniciaram em áreas não cadastradas e impactaram 148 mil hectares. E um ponto de origem de incêndio ocorreu na TI Perigara, que avançou por 59 mil hectares.

Rastro de destruição

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os incêndios florestais no Mato Grosso em 2020 são os maiores já registrados desde que o monitoramento começou a ser feito, em 1998.

Neste ano, foram identificados 15.756 focos de calor no Pantanal. Antes disso, o maior número tinha sido registrado em 2005, 12.536 focos.

O fogo teve início na região de Poconé e já são mais de 1.740.000 hectares queimados em Mato Grosso até o dia 13 de setembro. O Pantanal já registrou o maior número de focos de incêndio, desde então. Foram 5.603 queimadas até o dia 16 de setembro.

Dados do Prevfogo, o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos incêndios florestais do Ibama, mostram que a área queimada no Pantanal, em 2020, já passou de 2,3 milhões de hectares, sendo 1,2 milhão em Mato Grosso e mais de 1 milhão em Mato Grosso do Sul.

Essa área de mais de 2 milhões de hectares representa quase 10 vezes o tamanho das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro juntas.



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