Por Melanie Burton
MELBOURNE (Reuters) – Uma startup de tecnologia de lítio apoiada pela Rio Tinto espera finalizar uma rodada de financiamento na próxima semana para levantar 29 milhões de dólares australianos (19 milhões de dólares), mesmo com as dificuldades do mercado global de lítio, disse seu CEO com sede em Melbourne à Reuters.
A ElectraLith está desenvolvendo uma tecnologia de filtragem que pode extrair lítio de depósitos de salmoura sem usar água ou produtos químicos, o que seria fundamental em áreas áridas como o deserto do Atacama, no Chile, e precisa apenas de pequenas quantidades de energia.
“O mercado de lítio não é ótimo, os mercados de capital de risco não são ótimos, (então) o fato de estarmos prestes a fechar esta rodada com uma base de investidores com excesso de inscrições… para nós isso é fantástico”, disse o CEO Charlie McGill à Reuters.
Várias empresas, incluindo a Exxon Mobil, estão a competir para comercializar as suas próprias tecnologias de extracção directa de lítio (DLE) numa indústria que deverá crescer para mais de 10 mil milhões de dólares em receitas anuais na próxima década.
Espera-se que o DLE remodele o mercado de lítio, acelerando o processo de produção do metal usado em baterias e eletrônicos de veículos elétricos para horas ou dias, em comparação com meses ou mais com grandes lagoas de evaporação e minas a céu aberto.
O processo DLE-R da ElectraLith, para o qual a empresa detém direitos de comercialização, filtra a salmoura através de duas membranas que extraem o lítio e o transformam em hidróxido de lítio, antes de injetar a salmoura restante de volta no aquífero.
O grupo está trabalhando em como dimensionar a membrana para grandes projetos, mantendo suas propriedades, disse McGill, e retém todos os direitos comerciais.
A ElectraLith planeja usar os fundos arrecadados para construir sua primeira planta piloto nas operações da Rio Tinto em Rincon, na Argentina, disse ele, acrescentando que falta cerca de um ano para o projeto estar pronto para ser piloto.
Mais duas plantas piloto estão programadas para seguir. A empresa é atualmente propriedade da empresa de capital de risco IP Group, da Rio Tinto e da Monash University, onde sua tecnologia de membrana foi desenvolvida sob a orientação do professor Huanting Wang.
Ao produzir hidróxido de lítio sem água ou produtos químicos, a ElectraLith afirma que pode competir com cerca de metade do custo dos rivais, disse McGill.
“A disponibilidade de água nas regiões onde existem minas de lítio é um grande problema”, afirmou.
Em Utah, onde está trabalhando em um projeto com a Mandrake Resources, listada na Austrália, a água da bacia do Rio Colorado tem que fluir para Las Vegas e Los Angeles.
“Você não pode obter uma licença de água”, disse McGill.
“Então aparecemos e pensamos: ‘Não precisamos de água’”.
($ 1 = 1,5349 dólares australianos)
(Reportagem de Melanie Burton; Edição de Sonali Paul)