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Beleza e Saúde

Plano de enfrentamento à Hanseníase é lançado em Mato Grosso

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Divulgação / Reprodução

Mato Grosso está entre os estados com mais casos de Hanseníases do Brasil. Como forma de melhorar essa triste estatística, o governo do Estado lançou nesta quarta-feira (31.01) um plano de enfrentamento à doença. Durante a cerimonia de lançamento do Plano, o governador Pedro Taques e o secretário de saúde, Luiz Soares, assinaram uma portaria com ações de combate a epidemia para serem executadas até o ano de 2020, com apoio técnico e financeiro aos municípios.

O Plano, um compromisso de campanha do governador, é essencial para o enfrentamento à doença e o combate ao preconceito. “Nós somos o estado campeão em Hanseníase e nosso trabalho, com a secretaria de Saúde em interlocução com os municípios, é articular políticas para sair dessa lista. Acredito muito na saúde preventiva, na atenção básica. Os agentes de saúde e de combate a endemias tem um papel fundamental no controle da doença. Daremos apoio aos municípios, para que possamos erradicá-la”, afirmou  Taques.

Popularmente conhecida como Lepra, a Hanseníase é uma doença transmissível que atinge principalmente a pele e os nervos, podendo afetar a face, os braços, as pernas, as mãos e pés. Causada pelo Bacilo de Hansen, a bactéria é transmitida pelo ar, por meio de espirros e tosse. Os principais sintomas são manchas brancas ou vermelhas na pele; perda de sensibilidade ao toque, calor e dor; dormência nos pés; caroços e inchaços no corpo; dor e sensação de choque e diminuição de pelos ou suor.  

Diagnóstico

O período de incubação da doença é longo, varia de 2 a 5 anos e os primeiros sintomas podem aparecer somente após sete anos. Por muitas vezes ser uma doença silenciosa, a demora da descoberta pode trazer consequências drásticas aos pacientes. Este foi o caso do agente de viagens Kenedy Paes, de 28 anos, que foi diagnosticado erroneamente com reumatismo. Em 2011, quando descobriu a Hanseníase, ele já estava há quatro anos com o tratamento inadequado e o diagnostico tardio trouxe sequelas irreversíveis, com perdas de dedos nos pés e mãos e deformações no nariz.

“Estava com a imunidade baixa, inchaço no pé e mão, sangramento nasal e orelha doendo. Fiz exame de Hanseníase, que deu negativo. Quando a situação se agravou as pessoas, até minha própria família, começaram a achar que eu estava usando droga por conta do emagrecimento e sangramentos. Só descobri minha doença porque meu nariz começou atrofiar e eu fui alertado por um amigo, ao mesmo tempo que minhas pesquisas na internet já apontavam o quadro. As pessoas com hanseníase precisam de muito apoio, porque a depressão é muito forte e tem que ter o acompanhamento de todos os lados, dermatologista, ortopedista, psicólogo”, relatou Kenedy

Assim que foi diagnosticado, o agente de viagens procurou o Centro Estadual de Referência de Média e Alta Complexidade de Mato Grosso (Cermac). Mesmo curado, ele continua frequentando o local por conta das sequelas que exigem acompanhamento médico e psicológico. Hoje ele está à frente na luta para que a doença seja mais divulgada, como forma de facilitar o diagnostico e diminuir o preconceito . “As campanhas tem que começar pela informação, porque as pessoas associam hanseníase a mancha e eu mesmo não tive nenhuma mancha. Também tem que se combater o preconceito, que começa pelos próprios pacientes. Nós demoramos muito a nos aceitar e o contato com profissionais qualificados é o mais importante”.

Tratamento

O Cermac é hoje o principal Centro de Mato Grosso para atendimento de Hanseníase. Após serem diagnosticados com a doença em uma Unidade Básica de Saúde, os pacientes com algum tipo de agravo são encaminhados ao Centro para um acompanhamento especializado. O local, que hoje atende 80 pacientes mensais, conta com profissionais especializados como ortopedista para a realização de cirurgias, enfermeiro, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e psicólogo.

“Temos a missão de fazer treinamento, capacitação e dar auxilio aos municípios. Também realizamos palestras como forma de combater o preconceito. A sociedade não tem esclarecimento e o paciente, ao iniciar o tratamento, pode ter problemas com a medicação, passa a ter uma pele escura, incha e muitas vezes acaba abandonando o tratamento. Precisamos dar maior visibilidade a essa patologia”, explica Jocineide Rita dos Santos, diretora do Cermac.

Plano de enfrentamento

O ‘Plano Estadual de Enfrentamento a Hanseníase’  foi lançado pelo governo de Mato Grosso no dia em que se celebra a luta contra a doença no Brasil. Marcada pela cor roxa, a campanha nacional de 2018, que traz o tema “Todos Contra a Hanseníase”, tem como pilares a informação e o combate ao preconceito. Um dos coordenadores da campanha no Estado, o médico Werley Perez, explica que apesar da doença ser transmitida pelas vias áreas pela respiração, por meio de gotículas de saliva, o contágio é feito de forma lenta. “Em geral tem que morar ou trabalhar junto da pessoa que está contaminada até anos para se contaminar. Qualquer um pode ter a doença mas ela acomete mais as de baixo poder aquisitivo, muitas vezes pelo numero de pessoas em ambiente restrito, a falta de saneamento e baixa imunidade. O paciente que recebe o diagnostico muitas vezes, se não tiver acompanhamento psicológico, pode desenvolver um quadro depressivo. É uma doença que carrega muito estigma, muito preconceito”.

Médico da família que trabalha com hanseníase há 12 anos, Perez destacou a importância da ação do governo com o lançamento do Plano de combate a doença “As vezes o paciente faz via crucis no sistema de saúde sem ter o diagnóstico correto e demora muito tempo para descobrir. Atualmente diagnosticamos por ano 3.000 casos no estado e com essa ação vamos aumentar e muito o diagnóstico, em até 40% ao ano, o que não é ruim, é um bom sinal porque mostra que o Governo do Estado e municípios estão fazendo esforço conjunto para que a doença diminua. A Hanseníase tem tratamento e se for descoberta rapidamente, facilita a cura e evita sequelas”.

Manfred Robert Gobel está há 39 anos em Mato Grosso e representa uma associação alemã de assistência aos hansenianos e tuberculosos que começou em Rondonopolis e se expandiu para outras partes do país. Ele comemorou a ação do governo estadual. “Nosso projeto nasceu na África e se expandiu para o mundo inteiro  para ensinar e organizar programas de controle de Hanseníase. Esse projeto do governador chegou na hora certa, temos profissionais muito bons no estado e o plano ajudará a resolver de uma vez o problema. É um sonho realizado, porque dará apoio a saúde publica e profissionais do estado e município, que terão respaldo da lei para atuar”. Durante a cerimônia, Manfred foi homenageado por Taques como um dos grandes nomes que atuam no estado em prol da saúde pública.

 


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